Características do Obreiro Aprovado

Características do Obreiro Aprovado

Segundo o dicionário, a palavra obreiro quer dizer operário, trabalhador, aquele que trabalha. Obreiros quer dizer trabalhadores da obra de Deus! A obra de Deus significa serviço de Deus. Observe bem o termo: SERVIÇO e não SER VISTO! Obreiro pode ser definido também como “aquele que coopera no desenvolvimento de um projeto ou de uma ideia”. No grego o termo é ergates, “trabalhador”, “obreiro” deriva-se do termo ergon que denota “trabalho, ação, ato”. Em Fp 2.25; Fm 24, é usado o termo sunergos, “cooperador”; em Fp 4.3, o plural “cooperadores”; em I Co 3.9, “cooperadores de Deus”, ou seja, trabalhadores pertencentes e servindo a Deus; em I Jo 3.8, “cooperadores da verdade”, ou seja, trabalhadores no serviço da verdade do Senhor.

O ENVOLVIMENTO DO OBREIRO NA OBRA DO SENHOR.

O obreiro tem que ter vontade e se esforçar para crescer, se envolver na obra que ele faz. Deve evitar chegar atrasado, estar presente em tudo, fazer sempre o melhor e estar apto para a função. Jesus destacou a importância de se ter obreiros dedicados para a expansão do Reino de Deus na Terra. Isso porque o ministério é indispensável para a obra de Deus. Jesus disse aos setenta, aos quais enviou de dois em dois a todas as cidades e lugares aonde havia de ir: "E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara" (Lucas 10.2 ARC). A Igreja precisa de obreiros! A diferença entre um membro da igreja e um obreiro está no grau de comprometimento com o Reino de Deus. Um membro pode estar envolvido, mas um obreiro deve estar comprometido com o crescimento do Reino. O membro contribui com a sua presença, mas o obreiro contribui com seu trabalho. Jesus disse: "Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação, levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão" (Lc 12.48 ARA). Por que exige-se muito mais dos obreiros do que dos membros da igreja? Porque o obreiro serve de referencial para os demais. Os membros e visitantes tendem a espelhar-se em quem está à frente. Portanto, o obreiro deve ser padrão para os demais. Observe o que o apóstolo Paulo ensinou ao jovem Timóteo: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza” (I Tm 4.12). Uma coisa é estar em meio à multidão, sem ser notado. Outra coisa é estar à frente, ou em pé na igreja trabalhando, como Paulo escreve a Tito: "Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal para dizer de nós" (Tt 2.7-8 ACF). O obreiro aprovado é aquele que tem disposição e disponibilidade para a Obra do Senhor, é aquele que se dispõe a comprometer o seu tempo, seus recursos e talentos na Obra de Deus. Ele não se satisfaz apenas entregar seu dízimo e dar suas ofertas. Ele quer dar-se a si mesmo a Deus (II Co 8.5) e para isso, está sempre disposto a "arregaçar" as mangas e trabalhar. Quando somos chamados por Deus, temos que estar dispostos e disponíveis. Um obreiro indisposto trabalha com má vontade, e por isso, não produz conforme a vontade de Deus (I Co 9.16-17). Onde não há disposição e boa vontade, também não há bons resultados. O obreiro indisposto é sempre vagaroso, descuidado, negligente, e por isso mesmo corre o risco de ser desqualificado por Deus (Rm 12.11). Se não for para fazer bem feito, é melhor não fazer. Tudo o que fizermos para Deus deve ter a marca da excelência, não da negligência. "Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulosamente" (Jr 48.10a). Deve haver no coração do obreiro a disposição de gastar-se completamente na Obra de Deus (II Co 12.15). Além da disposição, não pode faltar disponibilidade. Trabalhar para Deus não pode ser um hobby, um passatempo, uma distração, mas uma prioridade. O obreiro deve estar sempre disponível pra Deus. A expressão "eis-me aqui", significa "aqui estou eu, pronto para atender" (Is 6.8). A presença do obreiro no culto deve ser encarada como um sacrifício oferecido a Deus; o que não deve ser entendido como algo doloroso, penoso, e sim como algo extremamente agradável. O termo "sacrifício" é a junção de duas palavras: sacro + ofício. Trata-se, portanto, de um ofício sagrado. É o nosso culto racional (Rm 12.1), que deve ser apresentado a Deus com alegria, amor, zelo e dedicação. Quando Paulo disse ao seu discípulo Timóteo: "Procura apresentar-te a Deus aprovado" (II Tm 2.15a), significa "procura estar sempre disponível para Deus". Nenhuma ocupação ou embaraço terreno pode privar-nos desta disponibilidade (II Tm 2.4). Isso não quer dizer que todo obreiro precisa dedicar -se em tempo integral ao ministério. É claro que há obreiros que têm suas atividades profissionais, e que delas depende sua sobrevivência. Então como dedicar -se a obra se tenho outras responsabilidades profissionais? Estes devem buscar se organizar de tal maneira seu tempo (Ef 5.16), para que haja maior disponibilidade possível para trabalhar na Obra de Deus.

CARACTERÍSTICAS BÍBLICAS DO OBREIRO APROVADO

O obreiro aprovado tem suas características destacadas nas Sagradas Escrituras. •Em 1 Timóteo 4.6, Paulo fala ao jovem obreiro Timóteo a ser fiel e diligente no ministério, pois, assim, ele seria “um bom ministro de Jesus Cristo”. •Em Mateus 25.21,23, na parábola dos dez talentos, Jesus fala que os servos que investiram nos talentos que lhes foram deixados para administrar receberam de seu senhor o reconhecimento como servos bons e fiéis: “E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”. “Bom”, segundo os textos bíblicos de Timóteo e Mateus, é ser sadio na fé, no viver e na doutrina bíblica; equilibrado em tudo; capaz; aprovado (2Tm 2.15); limpo quanto ao bom combate espiritual (2Tm 4.8); e duradouro quanto ao seu trabalho e aos frutos de seu trabalho.

Sinais de um obreiro aprovado:

• Fiel e LEAL - Segundo o dicionário Aurélio, fidelidade significa: “qualidade de fiel; lealdade. Constância, firmeza nas afeições, nos sentimentos; perseverança. Observância rigorosa da verdade; exatidão”. “Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás, é apto para o Reino de Deus “ (Lc 9.62). • HUMILDE - O humilde aprende mais, resiste mais, aparece pouco, mas faz muito. Observamos um exemplo disso em Aristarco (Cl 4.10) e Epafras (Fm 23). • Tem Bom Caráter - A expressão “caráter” significa: “o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que lhe determina a conduta – como a pessoa age”. Paulo escreve a Timóteo dizendo que “aquele que almeja cooperar na obra do Senhor, excelente obra almeja” (I Tm 3.1). No entanto, estará apto para esse serviço se além de ter a chamada divina, for irrepreensível no seu caráter “Convém, pois, que… seja irrepreensível” (I Tm 3.2-a). Portanto, é imprescindível para aquele que coopera na obra de Deus possuir as qualificações morais que ela exige (At 6.3; I Tm 3.1-16; Tt 1.5-9). • É RESPONSÁVEL - O Aurélio define a palavra “responsável” como: “que tem noção exata de responsabilidade; que se responsabiliza pelos seus atos; que não é irresponsável”. O serviço ao Senhor precisa ser feito com muita responsabilidade, visto que aquilo que fazemos e a maneira como realizamos será submetido a análise no Tribunal de Cristo, onde as obras dos salvos serão julgadas (Rm 14.10; I Co 3.13-15; II Co 5.10). • É ESPIRITUAL, CONSAGRADO e SANTIFICADO - Consagrar -se a Deus é dedicar -se a Deus, e isso só é possível se o obreiro for espiritual. A Bíblia diz: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). • É SOCIÁVEL- Outro sinal marcante de um obreiro aprovado é a sociabilidade - Ele é sociável com os seus pares de ministério, a sua congregação e a família. Imagine um obreiro que ninguém o quer por ser antissocial. É inadmissível! O obreiro aprovado é um construtor de pontes: ponte de amizades, de relacionamento, um facilitador de reconciliações, um pacificador (Mt 5.9). • DILIGENTE e ESFORÇADO – Não existe aprovação no trabalho, se não houver diligência e esforço. Quando Deus anima Josué, Ele garante o cumprimento da promessa, mas pede a Josué esforço e diligência (Js 1.1-9).

O PERFIL DO OBREIRO EPAFRODITO:

“Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão e cooperador” (Fp 2.25-a). Epafrodito era um cristão da cidade de Filipos, mencionado apenas em (Fp 2.25-30; 4.18). Não se sabe ao certo se este homem era um dos líderes da igreja em Filipos ou simplesmente um discípulo comprometido com Cristo. Sabemos apenas que Paulo sente fortemente que deveria enviá-lo de volta como portador desta carta, pois assim como a Timóteo, também nutria muita consideração por este homem de Deus a quem chama de “meu irmão e cooperador”, “e companheiro nos combates” (Fp 2.25-b). A referida expressão quer dizer também “companheiro de armas”, que era um dos títulos favoritos dos cristãos primitivos, o qual envolve a ideia de estar em conflito espiritual contra as trevas e o mal, correndo o risco de perder a vida. Epafrodito manteve-se ao lado de Paulo defendendo a causa do Seu grande Capitão, o Senhor Jesus. Epafrodito ficou gravemente enfermo talvez durante o percurso da viagem de Filipos a Roma para trazer a oferta para Paulo (Fp 2.26,27). No entanto, este fiel cooperador obteve melhora pela graça de Deus, “mas Deus se apiedou dele” (Fp 2.27-b). Paulo enviou-o novamente a Filipos a fim de proporcionar alegria aos cristãos filipenses por sua recuperação (Fp 2.28-30). “E vosso enviado para prover às minhas necessidades” (Fp 2.25-c). Esse nobre cooperador foi enviado pela igreja de Filipos “vosso enviado”, para levar uma oferta em apoio a Paulo “para prover às minhas necessidades”. Como tal, fez todo o possível por Paulo, sem dúvida, aquilo que os próprios filipenses tinham feito se o apóstolo estivesse em Filipos. Em relação a Paulo, Epafrodito foi aquele que prestou um serviço sacrificial para suprir as necessidades do apóstolo (Fp 2.30).

CARACTERÍSTICAS BÍBLICAS DO OBREIRO REPROVADO.

O obreiro reprovado é aquele complicado para dialogar e tratar de assuntos da obra e das ovelhas. E difícil pô-lo em movimento, fazê-lo funcionar. Ele é difícil de participar, comparecer e cooperar, e costuma ser evitado. Um obreiro que teve má formação ministerial pode ficar estragado pelo resto da vida se não acordar para a realidade dos fatos. Os textos abaixo deixam claro que o obreiro de má qualidade é aquele que é infiel e não procura melhorar: • “Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão! ”, (Fp 3.2). • “Respondendo-lhe, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo”, (Mt 25.26). • “Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? ”, (Mt 18.32-33). • “Não terão conhecimento os obreiros da iniquidade, que comem o meu povo como se comessem pão? Eles não invocam ao Senhor”, (Sl 14.4).

COMO O BOM OBREIRO, APROVADO, TORNA-SE MAU, RUIM E, PORTANTO, REPROVADO?

O bom obreiro costuma tornar-se mau aos poucos. Temos os exemplos bíblicos de Judas Iscariotes, discípulo de Jesus e Geazi, servo do profeta Eliseu. A mudança é fruto dos maus costumes e maus hábitos que o obreiro trouxe do passado, ou os adquiriu depois, e não largou. Outra coisa que pode afetar um bom obreiro, tornando-o ruim é o desconhecimento do seu temperamento e o agir segundo este (Pv 16.32; 23.12; 25.28). Há também o caso de bons obreiros que se tornam maus por copiarem maus exemplos dos outros de fora ou por ter má formação ministerial (Lc 9.49-50). Um obreiro estranho, misterioso, enigmático, isolado de todos, também tem tudo para se tornar um mau obreiro, bem como o obreiro sempre imaturo social, emocional e espiritualmente (Ec 10.16). Por último podemos citar como fator que pode provocar essa mudança negativa o obreiro receber poderes em demasia, como no caso de Joabe (2Sm 3.39; 16.10; 19.22). É como alguém já disse: "Quer de fato conhecer o homem? Dê poder a ele! ” Não que ninguém possa receber poder, mas os bons e os maus se revelam a partir de como lidam com o poder nas mãos. Os sinais de um mau obreiro estão listados em Mateus 25.26, Jeremias 6.13 e 50.6, e Miquéias 3.9-11. Ele é parasita, indolente, ocioso, preguiçoso, desordenado na sua vida, na família e no seu trabalho; não tem ordem, é ambicioso por posição, cargo e credencial; é invejoso, mercenário e negocia os dons e as coisas de Deus. Neste caso, temos os exemplos de Balaão e Simão, o mago (At 8.18). O mau obreiro também é liberal na doutrina bíblica, e nos bons e santos costumes da igreja, como o sacerdote Urias (2 Rs 16) e as duplas Himeneu e Fileto, e Himeneu e Alexandre (2 Tm 2.17,18 e 4.14,15). Aliás, muitos maus obreiros costumam agir em dupla. O mau obreiro é briguento. Daí, passa a politiqueiro. É divisionista por rebeldia (1Rs 13.26) e reclamador crônico, diferente de Jesus, do qual é dito em Isaías 53.7 que “não abriu a sua boca”. Ele ainda procura ser “independente", isolado e insubmisso. É constantemente problemático e um problema para si mesmo. Ele dá problema, gera o problema e depois alimenta o problema. Em outras palavras, ele complica um problema já existente. Ele é o problema! Ezequiel 34 diz que "o mau obreiro larga as ovelhas e o seu campo". Ele tem mau caráter, e isso é altamente comprometedor. Quando ele dá fruto, este não vinga.

COMO O OBREIRO APROVADO PODE MELHORAR.

O obreiro aprovado para não se tornar um mal obreiro e reprovado, precisa estar em constante evolução, buscando sempre se aperfeiçoar, buscando sempre aprender para servir melhor. Para que o obreiro seja aprovado e possa continuar a melhorar no exercício de sua função na obra de Deus, ele terá que observar pelo menos alguns pontos considerados essenciais para sua formação: O obreiro para ser aprovado deve gostar de ler, e ler muito (I Tm 4.13, Js 1.8). O obreiro para ser aprovado, precisa fazer uma constante auto-avaliação (I Co 11.28). O obreiro para ser aprovado deve ter autocrítica. Para o nosso melhoramento como obreiros do Senhor, devemos analisar o nosso gráfico constantemente. Estamos subindo, conforme as palavras de Paulo em Filipenses 3.14? Estamos parados, conforme o servo mau e negligente da parábola do Mestre em Mateus 25.25? Ou estamos descendo, conforme a descrição dos sacerdotes inferiores aos levitas em 2 Crônicas 29.34? O obreiro para ser aprovado deve frequentar ambientes de culto, principalmente, culto de oração, escola bíblica dominical e culto da Palavra (Sl 122.1, 84.10). O obreiro para ser aprovado deve ser humilde. O humilde aprende muito mais, e mais depressa (Fp 2.5-8). O obreiro para ser aprovado, deve estar e ser um atento observador dos bons obreiros (I Co 15.33). O obreiro para ser aprovado deve exercitar-se na prática da piedade e do trabalho do Senhor (I Tm 4.8). O obreiro para ser aprovado deve estudar a Palavra de Deus continuamente; e não apenas lê-la. “Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio que meus inimigos, pois estão sempre comigo” (Sl 119.98).

CONCLUSÃO

O apóstolo Paulo tinha em sua companhia homens de Deus sinceros, com os quais ele podia contar na administração do trabalho do Senhor em Filipos. Timóteo e Epafrodito cujas virtudes são louváveis, constituem-se para nós hoje verdadeiros exemplos de como devemos agir como Obreiro Aprovado no serviço da Obra de Deus.

Pr Luiz Henrique Medeiros
Autor: Pr Luiz Henrique Medeiros
Neste ato: Vice Presidente da IEMF, Pastor na IEMF em Itororó/BA, Pastor Setorial na Bahia, Relator

 Publicado:  11/02/2024